GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação: O que é preciso saber para
bem escrever. 2ª edição/2ª tiragem. São Paulo: Martins Fontes,
2008, p.147.
Cinthia Câmara Rocha Silva[1]
Deyse Sabrinne de Souza Lopes [2]
Aderlan M. de Oliveira3
Lucília Garcez,
licenciada em Letras pela Universidade Federal de Sergipe, mestre em Literatura
pela Universidade de Brasília e doutora em Linguística Aplicada e Estudos da
Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em sua obra
intitulada “Técnica de Redação – O que é preciso saber para bem escrever” traz
uma abordagem acerca do processo de escrever, almejando desmistificar crenças
cristalizadas que bloqueiam a elaboração e a fruição de um bom texto, além de
evidenciar e esclarecer os mecanismos e habilidades envolvidas no ato da
escrita, permitindo ao leitor compreender a importância do domínio desta no
mundo contemporâneo.
A abrangência da
referida obra contempla, dentre 147 páginas, oito capítulos que explanam
inicialmente sobre as verdades e mentiras implicadas na progressão da técnica
de escrever, elucidando de forma simplória que a dominação da escrita pode ser
conquistada por todo e qualquer indivíduo através de muito esforço, dedicação e
principalmente muita leitura, desestruturando a ideologia estereotipada que
caracteriza o ato de escrever como um dom, um ato espontâneo.
Garcez (2008) contempla
no segundo capítulo do livro explanações concisas que buscam instruir o leitor
à prática da escrita, estimulando-o a refletir sobre a necessidade da releitura
e da reestruturação das produções para o alcance da satisfação. A utilização de fragmentos textuais de escritores
como Gabriel Márquez e Paulo Campos para exemplificar a contextualização
capitular é um recurso fantástico que auxilia o interlocutor a compreender a
articulação das ideias presentes no capítulo.
O terceiro capítulo da
obra fundamenta com muita clareza e especificidade sobre a influência e a
importância do ato da leitura no processo de aderência de conhecimentos e agilidade
para o exercício da escrita, evidenciando a interrelação existente entre o ler
e o escrever. O enredo do capítulo abrange, ainda, procedimentos inteligentes
que encaminham o apreciador da obra a desenvolver uma leitura produtiva,
estigando-o à prática constante desse hábito.
O desenvolvimento das ideias
ao longo do livro flui de forma coerente, intercalando progressivamente a
essência de cada capítulo. Nessa perspectiva, o
quarto capítulo é estruturado visando detalhar e enfatizar o intercâmbio
existente entre os domínios da leitura e da escrita, mencionado no capitulo
anterior. Para a concretização desse objetivo a autora explana sobre recursos
como resumos, esquemas e paráfrase, que auxiliam o leitor a consolidar as
informações adquiridas em leituras e a conquistar um acervo mental amplo que
facilita a elaboração de textos.
A descrição do quinto
capítulo engloba as decisões preliminares fundamentais para orientação da
produção textual. Por meio de uma explicação rebuscada, Lucília Garcez
estabelece o valor do planejamento na gênese do
desenvolvimento da escrita. Afirma com propriedade que é preciso estabelecer os
objetivos para determinação da função da linguagem e do gênero textual que irão
preponderar no texto.
O sexto capítulo
compreende elucidações organizadas, bem articuladas, que dão enfoque à
organização e à hierarquização das ideias que devem ser previamente
selecionadas para composição da escrita. Com grande maestria são empregados
trechos de textos de José Castello e Marilena Chauí para exemplificar o
processo de ordenação das ideias.
A coesão textual é a
referência que norteia o sétimo capítulo. A autora busca focalizar o
entrelaçamento das ideias e dos elementos gramaticais optados para construção
textual, através das diversas variações de coesão (referencial, lexical,
elipses e substituições), explicando, sem complexidade, que a manutenção da
unidade de uma produção e a garantia da sua coerência é resultado do usufruto
de elos coesivos. O referido capítulo enfatiza ainda, problemáticas decorrentes
da ausência de coesão como: truncamentos semânticos, ambigüidade, confusão.
O capítulo final do
livro traz reflexões respeitáveis sobre a importância da releitura como um
instrumento de aperfeiçoamento do texto, que possibilita a reestruturação e a
reescrita deste. Nesse contexto, Garcez (2008) discute acerca da revisão de
aspectos como a impessoalidade, vocabulários, pontuação, estrutura de períodos,
visando despertar no redator a aptidão para a conquista de um texto
satisfatório.
As páginas finais da obra
contemplam respectivamente uma bibliografia comentada de apoio ao aluno e uma
bibliografia para aprofundamento, recursos de grande valia para orientar o
leitor diante da gama de literaturas existentes que tratam da temática em
questão.
A obra “Técnica
de Redação – O que é preciso saber para bem escrever” é
elaborada sob ideias originais, sendo inovadora ao propor ao final de cada
capítulo exercícios estimulantes para o desenvolvimento da prática da escrita.
Por possuir uma linguagem pouco rebuscada e muita precisa, é altamente
recomendável para qualquer público que anseie aperfeiçoar sua capacidade de
produção textual, como também para estudantes e professores que tratam com
redação e linguagem. Apesar de englobar algumas redundâncias ao longo de suas contextualizações,
o livro contribui magnificamente para aprendizagem das habilidades de um
redator competente. Diante de uma obra tão envolvente, que permite compreender
as articulações da escrita, resta afirmar que a sua leitura é indispensável.
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