BAGNO, Marcos. Pesquisa
na Escola: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2004.
Fábrícia Ferreira dos Santos, acadêmica de Letras da Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira (FAAHF)
A obra “Pesquisa na
Escola: o que é, como se faz”, de Marcos Bagno, doutor em Língua Portuguesa pela
Universidade de São Paulo, escritor, poeta, tradutor e contista serve como um
manual de conduta prática e reflexiva sobre o tema. Inconformado com o
tratamento dado à pesquisa na escola, por meio de uma linguagem objetiva e
direta fornece orientações valiosas sobre o papel da pesquisa, sua importância
e como obter o máximo de rendimento dos educandos, de modo que esta não seja
uma atividade puramente mecânica e sem propósito.
A referida obra apresenta o
uso de explorações práticas e de fácil assimilação que propicia uma leitura
prazerosa e instigante, que remete ao ambiente escolar e faz com que o leitor
reviva experiências da infância e seja motivado a contribuir para a criação de
uma nova realidade no espaço educacional, bem como no cotidiano, pois como o
autor destaca, o simples ato de ler uma bula de remédio já se configura como
uma pesquisa.
A obra está dividida em
dois capítulos que abordam tanto o aspecto conceitual como prático, com ênfase
à pesquisa em língua portuguesa. Para tanto, o autor utiliza duas metáforas
baseadas na mitologia grega para esboçar a realidade vivenciada pelos alunos
desde o momento em que lhes é solicitada uma pesquisa até à sua concepção. “O
Fio de Ariadne” remete à necessidade de orientação, aspecto pouco considerado
quando o professor limita-se a informar apenas o tema e a data de entrega. Tal
procedimento opõe-se categoricamente a ensinar
a aprender, como propõe o autor. A independência de pensamento deve estar
vinculada a uma fundamentação, pois a pesquisa científica tem valor
significativo no desenvolvimento de uma nação.
Bagno (2004) aponta que
esse tipo de trabalho só tem utilidade se seu propósito, objetivo e finalidade
estiverem bem definidos, sendo necessário seguir determinadas etapas de um
projeto, o qual deve conter: título, objetivo, justificativa, metodologia,
produto final, fontes de pesquisa e cronograma. Partindo deste esquema, o autor
usa como ilustração uma pesquisa sobre Monteiro Lobato. Desta forma, explora
cada um dos tópicos e enfatiza a importância de escolher temas que sejam
atrativos e despertem o interesse pela pesquisa. Sugere também que após a
conclusão, os trabalhos fiquem acessíveis a outras pessoas como forma de
incentivo e reconhecimento pelo esforço dos alunos.
Outro ponto enfático desta
obra baseia-se em “O fantasma de Procusto”, que salienta o autoritarismo e a
consolidação de preconceitos que permeiam a educação tradicional. Para o autor,
o ensino e a aprendizagem são aspectos multidimensionais de um processo de
interação que devem ir além da sala de aula, são constantes e criam vínculos
afetivos e intelectuais em que tanto o professor como o aluno se influenciam e
se beneficiam da troca de experiências das suas vivências e conhecimentos adquiridos
em momentos anteriores.
A visão realista do
escritor destaca que em relação à língua portuguesa, o ensino da gramática não
acompanha os progressos da ciência da linguagem. Ao utilizar como exemplo o uso
da crase, demonstra que o ensino baseado no “certo” ou “errado” dificulta o
entendimento e aponta como alternativa a exploração do tema pelo contexto,
propondo uma investigação científica de textos, que permitem o conhecimento
além da frase.
Por fim, a obra enfatiza
que é preciso mudar esta realidade, mas enquanto os professores forem meros
repetidores da gramática e o governo persistir no descaso com a educação, não
há muito que esperar. Para quem quer fazer a diferença, “Pesquisa na
Escola: o que é, como se faz”,
apresenta-se como uma profícua sugestão de leitura.
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