quarta-feira, 21 de julho de 2010

Resenha crítica "Como ordenar as ideias", por Sílvia Gonçalves Ricci Neri

BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as ideias. 8. ed. São Paulo: Ática, 2006.


Acadêmica de Fisioterapia 2010.1 da FASB: Silvia Gonçalves Ricci Neri



Edivaldo Boaventura, bacharel em direito e em ciências sociais, professor titular da Universidade Federal da Bahia, é o autor do livro “Como ordenar as ideias”. Tal obra tem a finalidade de induzir os seus leitores a refletir, sistematicamente, antes de se comunicar. O autor explica que para o expositor ser bem compreendido ele deve estruturar o seu texto com introdução, desenvolvimento e conclusão.

O primeiro passo é a elaboração da introdução. É nela que fornecemos a ideia geral do tema, situando o leitor na história, na teoria, ou no espaço. Para que seja de qualidade, ela deve conter o anuncio do plano, e certa dose de entusiasmo, a fim de motivar e prender a atenção dos ledores. É indispensável, também, que o expositor domine o conteúdo a ser trabalhado.

Logo após, vem o desenvolvimento, onde discorreremos o tema proposto na introdução. Para melhor compreensão devemos dividi-lo por partes, evitando, assim, repetições, e proporcionando progressão nas idéias. È importante ressaltar que assuntos secundários e o excesso de divisões devem ser evitados, pois traria distração na hora da leitura.

Por fim, temos a conclusão que é a síntese dos argumentos maciços que foram apresentados ao longo da exposição. Ela deve ser breve, energética e convincente, para que a mensagem transmitida marque o receptor.

Esses conceitos são abordados, ao longo do livro, de forma clara e objetiva, caracterizando-o como um livro didático. Um recurso comumente utilizado é a comparação dos temas estudados com situações do cotidiano, aproximando a proposta de Boaventura à nossa realidade. Em adicional, ele traz, ao final de cada capítulo, um quadro-resumo que sintetiza todas as ideias apresentadas até então, e em seguida, uma parte exemplificativa, o que reafirma o seu sentido pedagógico.

Além de a obra apresentar clareza nas explicações, nós não temos a necessidade de possuir conhecimentos prévios. Estes dois pontos fazem com que a compreensão seja completa e consistente. Podemos, assim, tirar o máximo de proveito do que o autor tem a nos dizer.

Toda essa discussão sobre a melhor forma de ordenar as ideias é embasada com citações de autores como Ducassé, Couquet, e Jean Guitton. O uso desse recurso, entretanto, tornou-se excessivo: em uma só página chegamos a encontrar quatro paráfrases. Isso faz com que o texto pareça uma “cocha de retalhos”, na qual Boaventura simplesmente teve o trabalho de unir fragmentos de obras distintas.

O professor titular da Universidade Federal da Bahia falhou, também, ao fazer uso de conectivos arcaicos, já em desuso. Na página 16 de sua obra, por exemplo, aparece o vocábulo “outrossim”, palavra a qual não é mais ensinada em gramáticas modernas.

O apego do autor com a França chega, por vezes, a incomodar. É fato que ele tenha feito cursos de especialização em Paris e que a maioria de suas referencias bibliográficas seja de livros publicados nesse país. Porém, a sua obra é dirigida a brasileiros e, portanto, ele deveria adaptar seus exemplos a nossa realidade.

A meu ver, Edivaldo Boaventura não foi muito feliz na produção desse livro. O conteúdo apresentado por ele é muito básico, suficiente apenas para não se fazer um texto “sem pé nem cabeça”. O que falou é simplesmente o que costumamos estudar durante o ensino médio. Esperava muito mais de um livro intitulado “como ordenar as ideias”.
 
 

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