quarta-feira, 21 de julho de 2010

Análise crítica do livro " A vida na escola e a escola da vida",por Aderlan Messias

CECCON, Claudius [et al.] A vida na escola e a escola da vida. 37ed. Petrópolis:Vozes,2003.


Pós-Graduação em Psicopedagogia/FASB

Resenha Crítica

 
A obra “A vida na escola e a escola da vida” vem abordar um assunto bastante polêmico: o fracasso escolar. Falar do fracasso escolar é apontar as mazelas pelas quais o ensino público vem passando ao longo da história.

Num estudo diacrônico, é possível destacar que a escola sempre esteve voltada para os filhos de grandes latifundiários, doutores, ou seja, para uma minoria detentora de um poder aquisitivo elevado. Assim, ficava-se (e fica-se ainda) de fora os filhos dos lavradores, operários, que, por não serem oriundos de uma família sócio-econômica estabilizada, dificilmente teria acesso à educação de qualidade.

Segundo Ceccon (2003), a verdade é que a escola sempre foi pensada para a elite, onde encontrariam ali crianças bem alimentadas, bem vestidas, que não trabalham e só estudam, que falam bem, enquanto as outras (pobres) não poderiam aprender porque trabalham e estudam, estão sempre cansadas, mal alimentadas e não possuem um ambiente adequado de estudos em casa.

Esta é uma concepção totalmente errônea. A criança não aprende porque não dá a ela o direito de aprender. Muito se tem visto professores dizerem que essas crianças são incapazes de aprender o que a escola ensina, pois não trazem consigo nada eu presta. São coitadinhas e miseráveis. Nesse sentido, pode-se afirmar que miserável e é a forma de pensar e agir desses professores que jogam a responsabilidade do fracasso escolar da criança no lado mais fraco: a sua pobreza. Ser pobre não é ser menos inteligente ou menos incapaz, e sim falta de oportunidades que, a priori, a sociedade não manifesta.

O autor discute e aponta ainda possíveis “culpados” pelo fracasso escolar da criança: o insucesso pode estar na própria criança que, cheia de problemas, é distraída e sem memória e assim não consegue concentrar na aula, fala tudo errado e não entende o que o professor diz; está na família que tem problemas afetivos e emocionais, que, por ser pobre não oportuniza condições mínimas para que elas pudessem ter sucesso nos estudos; está na professora que não tem compromisso com a educação; está nos regulamentos escolares que exigem que os pais comprem uniformes, materiais didáticos.

Tentar apontar o verdadeiro culpado pelas desgraças do ensino não vai adiantar de nada se não tomar consciência e mudar a concepção de se fazer educação. A mudança tem que partir dos educadores que têm nas mãos a capacidade de lançar desafios, numa proposta de uma nova política pedagógica educacional, partindo do pressuposto de que a escola dá certo, quando o aluno dá certo. E para que ambos dêem certo, é preciso que o professor também dê certo.

Dado o exposto, é necessário assim ter a coragem e ousadia da professora Maluquinha , que, diante de uma escola não democrática e que as desaprendizagens eram culpas das crianças, lança-se desse modo ao desafio de ‘quebrar’ correntes tradicionalistas para dizimar a pedagogia do fracasso escolar numa pedagogia de sucesso.

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